23 dezembro 2006

Exame de qualificação

Foto: Marcos Rodrigues











Me permitam registrar o exame de qualificação da tese, realizado na quinta passada (21 de dezembro de 2006) no Programa de Pós-Graduação (Pos-Com) da Facom-Ufba. Agradecimentos aos professores Marcos Palácios (da direita para esquerda), do Pos-Com Ufba e coordenador do GJol; Giovandro Ferreira, orientador da tese e coordenador do Grupo de Pesquisa em Análise do Discurso (Grad) da Facom-Ufba; e João Santana, examinador externo, professor do Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens da Uneb e da UCSal, onde coordena o Núcleo de Estudos em Análise do Discurso.

14 dezembro 2006

Como vai o estudo de gêneros no jornalismo digital?

Como prometido no post abaixo, fazemos um breve mapeamento da pesquisa de gêneros jornalísticos na media digital. É tempo de qualificação. Tempo de dúvidas, mas também, tempo de riscos.

Atualmente, o foco, nas medias digitais, está sobre os gêneros digitais em geral. No Brasil, como escrevemos no 1º post, as pesquisas mais importantes são do linguista Luiz Antônio Marcuschi (UFPE) e da semioticista Irene Machado (USP). Os estudos de gêneros jornalísticos digitais são poucos e vêm, em sua maioria, da Espanha, assim como na origem dos estudos no campo do jornalismo impresso.

Com as novas medias, surgem novos mercados de trabalho, nova funções, novos elementos, novo campo de pesquisa. A grande preocupação, quando se trata de pesquisa sobre gêneros jornalísticos digitais, é com as novas características de gêneros já conhecidos do impresso (notícia, reportagem, crônicas e artigos, por exemplo) e com a investigação do surgimento de novos gêneros.

São aspectos de estrutura (hipertextual); suas técnicas de redação, como grau de importância da pirâmide invertida; os tipos de linguagem (áudio, vídeo, infografia multimidia, além de texto escrito); e aspectos extralingüísticos, como o grau de interação dos sujeitos participantes. Ou seja, as pesquisas estão direcionadas através das chamadas propriedades do jornalismo digital, confundidas também com propriedades da media digital. E, mais ainda, vistas como critérios de definição de gênero, assim como nos estudos sobre as medias eletrônicas.

Encabeçam os estudos, três propriedades (ou características) da media digital: hipertextualidade, multimidialidade e interatividade. É importante compará-las com os critérios tradicionais de definição de gênero, como finalidade e modo do discurso. Será que, pelo fato, de ter mais de uma linguagem (texto e áudio, por exemplo), o gênero muda de finalidade? Ou, em que sentido se pode compreender hipertextualidade, estrutura e coerência, como ordem narrativa, argumentativa ou descritiva (modos discursivos)? É por onde caminhamos.

Destaque

Dentre os recentes estudos sobre gêneros produzidos pela atividade jornalística na media digital, destacamos o trabalho do professor catalão Javier Díaz Noci. O seu artigo mais importante foi apresentado no II Congreso Iberoamericano de Periodismo Digital em Santiago de Compostela, novembro de 2004 e discutido no curso “A escritura digital: o hipertexto informativo”, ministrado no Pós-Com (Jol da Ufba) no início do verão, soteropolitano, do ano passado.

Sob o título, “Los géneros ciberperiodísticos: uma aproximación teórica a los cibertextos, sus elementos e su tipología”, o artigo defende cinco parâmetros para analisar os gêneros digitais do campo jornalístico: as técnicas retóricas; as virtualidades do hipertexto; as potencialidades multimídia; a interatividade e as características temporais. São as três características apontadas acima, mais dois elementos: critérios retóricos e temporais.

Se compreendemos bem a proposta do professor Díaz Noci, os critérios retóricos são parte do discurso e devem ser relacionados com o que em Análise do Discurso se chama “modo discursivo” - narrativo, interpretativo, dialógico e argumentativo.

São cinco critérios, trazidos das cinco operações retóricas sugeridas por Quintiliano: inventio (a possibilidade de escolha), o dispositio (ordenamento de seqüências), elocutio (expressão do discurso), actio (a ação da troca comunicativa) e memoria (memória). Cada operação estaria ligada a uma propriedade da mídia digital. Então, a inventio seria da ordem da multilinearidade; a dispositio, das estruturas hipertextuais; a actio, da interatividade; a elocutio, dos recursos multimídia e a memoria estaria ligada à memória (múltipla, instantânea e cumulativa – Palácios, 2003).

A busca de conteúdo (inventio) é uma operação que, no campo jornalístico, está ligada a valores-notícia e faria parte da competência jornalística de selecionar. A composição (dispositio), ligada à competência de selecionar, está relacionada ao modo discursivo (estrutura, principalmente). A expressão do discurso (elocutio) implica em escolhas no nível dos signos semiológicos (ou da linguagem, como se fala). A interação (actio) é a troca comunicativa, suas potencialidades de troca de papéis, grau de dialogismo e momento de troca (sincrônico ou assíncrono). A memória (memoria), por fim, disponível e permanente, quando se trata de media digital.

As operações se dão em diferentes níveis da troca comunicativa: desde o interno (texto) ao extralinguístico. Entretanto, são de dimensões diferentes: dispositivo, linguagem, propriedade de estocagem da media. A questão está em conhecer a importância de cada operação na configuração do gênero jornalístico. Será que o dispositivo é tão definitivo quanto se acredita atualmente? Ou é mais precisamente uma condição prática do mercado (de trabalho e da universidade)?

Site dedicado ao estudo dos gêneros jornalísticos. Criado durante nossa tese de doutorado, 2005. Esse novo layout abre um novo ciclo de estudo, pesquisa, descobertas sobre esse tema tão caro à prática jornalística e ao conhecimento sobre o jornalismo.

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