14 maio 2008

Informação X Opinião: um paradigma verdadeiro.

Lançamento de 'Mídia e Cultura Popular: História,
Taxionomia e Metodologia da Folkcomunicação", SP.
Nesta segunda parte da entrevista com o professor José Marques de Melo, tivemos um excelente diálogo, que ultrapassa e muito a discussão de gêneros. Muito simpática e didaticamente, o autor de "Opinião no Jornalismo Brasileiro", o livro mais citado quando se trata de classificação de gênero jornalístico, analisa os campos da comunicação e do jornalismo. No bom sentido, nos assusta, mas traz uma importante reflexão sobre a pesquisa brasileira e os programas de pós-graduação do país.

"(...) a comunicação é um campo composto por diferentes especialidades. No Brasil, se fez uma geléia geral. Tudo desapareceu. (...) Aqui, a gente aboliu tudo isso e trabalha com o conceito de indústria cultural, firmado por Adorno e Hokheimer numa determinada conjuntura, que as pessoa não entenderam, transpõem isso como se fosse o mal e o mal tem que ser combatido."

Esse é o mesmo motivo pelo qual Marques de Melo afirma que o "campo do jornalismo está desaparecendo". É uma critica à "falta de rigor" na pesquisa brasileira em comunicação:

"(...)
Não se pesquisa comunicação de massa nesse país. Se acha, se condena, se aprova, mas não se pesquisa. Não se tem estudos empíricos. (...)"

O que se refletiria também na inexistente relação entre universidade e mercado. No nível mais prático possível, em ciências sociais aplicadas, trabalha-se, frequentemente, com pesquisa de campo e coletas de dados.

"(...) Não há diálogo. Pelo contrário, há recusa. A gente se comporta diante do mercado como se fosse alguma coisa que não nos dissesse respeito. (...)"


Paradigma e Mídia


No que diz respeito a gênero, dois pontos-chave: o paradigma informação X opinião e a relação entre gênero e mídia. Para o professor, "informação x opinião" não é um falso paradigma no Brasil e sim um verdadeiro paradigma. Fica claro como o jornalismo ainda carece de parâmetros para compreender os conceitos de opinião, interpretação e ideologia, noção que, nas palavras do professor, "virou uma panacéia".

Quanto à mídia, uma questão pouco problematizada: que nível de influência tem a mídia, o suporte e o dispositivo na configuração de um gênero discursivo.

E, para finalizar, os autores de base para se estudar gêneros, segundo Marques de Melo: Frei Caneca, Aristóteles e Quintiliano.

Vamos à íntegra!


GÊNERO POR MÍDIA


No Brasil, os estudos dos gêneros comuncacionais, sejam da semiótica, dos estudos culturais ou das teorias do jornalismo, afirmam que a diferença de mídia é igualmente uma diferença de gênero, ou seja, que se deve estudar gênero por mídia (gêneros televisivos, radiofônicos, digitais, etc). O senhor concorda com esta compreensão?
Suporte é fundamental, mas não no caso do jornalismo.

Não entendi..
Por exemplo, se vamos analisar os gêneros midiáticos no jornal, há a predominância do gênero jornalístico e presença dos gêneros persuasivos ou do diversional, tem pouco no jornal. Mas na televisão é majoritário. Para analisar o entretenimento na televisão tem que ter um outro referencial que não o jornalístico.

Mas para você o conceito de gênero perpassa as mídias..

Perpassa, perpassa as mídias, não obstante eu trabalhe com o critério funcional. Eu verifico funcionalmente quais são as mensagems que correspondem a determinadas funções e divido ali. Em princípio, o suporte afeta. Vamos ver o caso da ficção. No cinema, tem toda uma tradição de classificação, que não transpõe diretamente da televisão, mas perpassa muito. Tem que tomar cuidado... Western, que é gênero cinematográfico, não se enquadra muito na televisão. No Brasil, o que nós temos ainda hoje é uma hegemonia do gênero jornalístico do jornal que foi reproduzido para a televisão e para o rádio. Começou com o rádio. Temos no rádio o jornal falado, porque ainda hoje a notícia no rádio é lida. Tem um texto que reproduz a lógica do jornalismo impresso diário. Claro que há variações. Reportagem ao vivo, no campo, se tem muito mais criatividade. Mas basicamente, se pegamos o rádio jornal é praticamente igual à estrutura de um jornal diário ou uma revista. O Fantástico é uma revista televisiva. O jornal Nacional, o Jornal Hoje, o Bom Dia Brasil, na verdade, são reproduções do jornal. A estrutura é a mesma do jornal.

Mas a linguagem muda um pouco...
Não digo que é a mesma coisa, mas a forma é a mesma. Notícia é notícia. Reportagem é reportagem. Sabe o que é isso? São 4 séculos! O jornalismo impresso existe há 4 séculos.

Uma questão de evolução...

No caso da mídia digital, ela chupou os formatos. Vamos esperar que se modifique. O rádio quase não modificou ainda. A televisão tem modificado muito pouco.

A parte jornalística...
A parte jornalística, as outras não. Mesmo assim. Os gêneros de entretenimento são transpostos de uma realidade para a outra.

O complicado é que se fala em gêneros televisivos, ao invés de falar em gêneros jornalísticos independente da mídia. Entende?

Sei, sei.

Quem fala gêneros televisivos, coloca o telejornal como um formato dentro da lógica da mídia televisiva, ao invés de pensar...
Mas aí equivale à geléia geral. É um pouco da influência desses trabalhos que vêm de análise textual. Que analisam o texto, mas não analisam o conjunto.

Poderíamos dizer também que é um pouco da própria construção da pesquisa no Brasil?
Falta de rigor.

Falta de rigor?

Falta de rigor. Nós vamos ter que andar muito lentamente ainda. O conhecimento brasileiro sobre comunicação de massa é mínimo. Não se pesquisa comunicação de massa nesse país. Se acha, se condena, se aprova, mas não se pesquisa. Não se tem estudos empíricos. Mesmo na França com todos os problemas desse processo de retrocesso, é rigoroso. Elas primeiro observam, depois sistematizam. Nós damos opinião, nós achamos, mas não se pesquisa quase nada. Nós vamos ter que avançar muito nisso.


PARADIGMA INFORMAÇÃO X OPINIÃO

O senhor acredita que o paradigma informação x opinião é uma paradigma falso como diz o Manuel Chaparro?
Chaparro fala mas não demonstra. Chaparro, como vários outros estudiosos de comunicação, confundem opinião com ideologia. Ideologia perpassa tudo. Escrevi um capítulo da minha tese exatemente dizendo isso. Aí eu sou mais marxista do que os marxistas. Ideologia perpassa tudo! Não tem jornalismo imparcial, neutro. O jornalismo como qualquer ação comunicativa, está emprenhada de um ponto de vista...vamos dizer, de uma opinião nesse sentido genérico. Quando estou falando de opinião e informação, opinião é um juízo de valor, que tem que ser necessariamente criterioso. Todas as notícias são editorializadas. Pode ter a noticia ali, com o que, quem quando onde e porquê, mas o título já te diz que está sendo direcionada. Porque, na verdade, ela obedece à linha editorial do jornal, da televisão, do rádio. Então, acho que o falso paradigma é esse.

Mas não um falso paradigma, um paradigma verdadeiro...
É um paradigma verdadeiro. Se tem a diferença entre informação e opinião. Vai escrever na Folha [Folha de S.Paulo] uma notícia em que estabeleça um parâmetro do governo Lula sem ver o outro lado.

Tenho observado os atos de fala... não é frequente nas notícias, mas encontro opiniões.
Sim, existe. Tem reportagens que são pura opinião. Mas, em geral, apresenta a opinião dos outros. Se tem uma pluralidade de opinião, inclusive do próprio jornalista.

Se eu fizesse uma afirmação, que todo texto, independente do formato, é argumentativo, o que o senhor me diria?
Aí, você está trabalhando com a teoria da argumentação. Os textos puramente informativos, não são argumentativos. O texto argumentativo por excelência é o texto interpretativo, que quase não existe.

Vou insistir um pouco para a gente aprofundar..
Eu respeito muito os pontos de vista divergentes.

Em algum sentido, acabo vendo a notícia como uma "tese". Para chegar ao que é a notícia, diante dos acontecimentos, dados, declarações, a impressão que tenho é de que se passa o texto todo argumentando que a notícia é aquela mesma que se deu.
Pois é. Isso é ideologia.

Ideologia do jornalista?
Do jornalista não.

Ahh...
Não, não. Ideologia da empresa, do veículo. Pode até ser que ela admita, faz parte da ideologia. Ela diga: “- Eu sou plural”. O jornalista pode se manifestar. E há alguns. Os jornalistas que escrevem na página 2 da Folha [Folha de S.Paulo], são comentaristas, têm liberdade de dizer o que querem.

Hoje a palavra 'ideologia' é muito difícil de defender..
De defender ou de definir?

As duas coisas.
Na verdade, ideologia se tornou uma panacéia.

O senhor trabalharia esse conceito como Van Dijk?
Eu lhe confesso que não entendo muito bem o Van Dijk, ele não é suficientemente muito claro.

A análise do discurso trabalha com esse conceito...mas trabalhar, na academia, o conceito de ideologia hoje é um problema.
É um problema porque o pessoal não estuda. A AD, eu não levo muito em consideração, porque eles provam o que querem.


Provam o que querem. No Brasil, só..
Não, isso vem da França pra cá. É uma linha ideologicamente orientada, que tem seguidores. Aqui no Brasil, às vezes, ela chega a ser ridícula. Não estou dizendo que é toda análise, tem estudos um pouco mais rigorosos. Tem análises que mimetizam.

Ãhã...interessante. [tomara que eu esteja nesses estudos mais rigorosos....]

LIVROS

(fotos: divulgação)
Para o senhor, quais seriam os autores dos quais não se pode prescindir para estudar gêneros jornalísticos?
Aristóteles e Quintiliano são os fundamentais. De lá pra cá se avançou pouco. Mais recentemente, vai encontrar em cada literatura, aqueles que foram fundamentais. Na literatura espanhola, dirita que tem Martinez Albertos se tornou referencial. Lorenzo Gomis também. No jornalismo francês, vamos ter vários que trabalham com o conceito de gênero. O Kayser [Jacques Kayser] talvez seja o mais interessante porque operacionalizou a pesquisa de gênero na França. Há muito tempo.
Há muito tempo. Se avançou pouco de lá pra cá, no jornalismo! Vamos encontrar agora o Ruellan [Denis Ruellan] que, na minha opinião, é um pesquisador muito criterioso.

Bakhtin?
Bakhtin, mas ele não trabalhou com jornalismo. Em geral, ele menciona o textos que são operacionais. Outro autor importante é Gramsci,“jornalismo integral” [nos Cadernos do Cárcere]. O pessoal não leu, não gostou ou então diz que gostou sem ter lido. E aqui na América Latina se tem vários. O Gargurevich [Juan Gargurevich], eu acho fundamental. O Rivadeneira Prada...e vários outros.
Um grupo interessante que me identifiquei muito é o pessoal da retórica. Que vem recuperando a retórica clássica. Estão trabahando muito com Quintiliano lá.

Na Espanha?

Não, em Portugal.

Em Portugal, grupo de jornalismo?
Um grupo da Universidade Traz os Montes.
[pausa]


Outro autor importante para estudar gênero chama-se Frei Caneca.

Sim?
Na minha opinião, é o precursor da teoria da comunicação no Brasil. Século XIX, ele publicou o manual de retórica lá no Recife. Foi uma das poucas coisas que restou da obra dele. Muito interessante. Ele certamente faz a primeira adaptação da teoria de Quitiliano para a língua portuguesa, a partir de um mediador português.

A gente poderia dizer que o gênero encarna o processo comunicativo?
Sem dúvida! Para estudar processo comunicativo, tem que partir do gênero.

Dá para entender o que é jornalismo através de gênero?
Dá para entender o que é jornalismo, o que é publicidade, todas essas atividades. É o território por excelência da teoria da comunicação. A gente não estuda isso. A gente estuda o impacto, os efeitos, os antecedentes, a linguagem sem entender como é que ela se produz, como é que ela se adapta. O gênero pressupõe estudo do processo. Entender como a mensagem foi concebida, codificada, transmitida, recebida e realimentada. Sabe que um dos grande problemas dos estudos dos gêneros no Brasil é que não se tem estudado a recepção. A gente tem estudado o gênero concentrado na produção. Quando Chaparro, Cremilda, fizemos um curso na USP, os debates foram tantos que dissemos: - “então, vamos encerrar o curso aqui e vamos nos internar num jornal pra gente observar como é que se faz”. Fomos pra Folha de S.Paulo e isso abriu muito a mente do pessoal.

Existe um problema acadêmico, que nós da universidade, em São Paulo menos, ficamos estanque em relação ao mercado..
Em São Paulo não é diferente não. Esse é um problema brasileiro.

Não há diálogo.
Não há diálogo. Pelo contrário, há recusa. A gente se comporta diante do mercado como se fosse alguma coisa que não nos dissesse respeito. Nós não somos filhos da comunicação, somos filhos das ciências sociais. Precisamos superar isso.

Como é que a gente pode superar isso na academia brasileira?
Mudando completamente nossa forma de agir. Primeira coisa é observar. E ao observar, devolver isso para os que produzem para eles reagirem. Aí vem o diálogo. Vem a contestação. É muito difícil qualquer pesquisador chegar numa revista, numa televisão e ser aceito. Por exemplo, a televisão do bispo Macedo [Edir Macedo, Rede Record], eles criam as maiores barreira. A Globo já foi absolutamente anti-acadêmica.

Individualizado, o pesquisador, consigo ver pouca evolução. Será que através de grupo, de convênio de acordo...
Sabe onde está o problema na minha maneira de ver? Nos curso de pós-graduação. Quando a conseguir organizar a pós-graduação no Brasil... uma pós-graduação que não é comunicacional..

Não é comunicacional, por que?

Porque trabalha com outros referentes, da sociologia, da antropologia, da linguística...que são úteis, mas não podem ser exclusivos. A geração que está hoje na pós-graduação é uma geração que foi formada no exterior. Vêm com uma formação da academia inglesa, francesa, norte-americana e que não estão fincadas no campo da comunicação. Na verdade, os novos professores de comunicação não têm formação comunicacional. Com raríssima exceções. E as pessoas nem percebem isso. Não têm consciência disso.

E o campo do jornalismo...
Piorou ainda. O campo do jornalismo está desaparecendo.

Está desaparecendo???
Está desaparecendo.

Não está reaparecendo?
Vamos dizer que tem aí a ponta do iceberg que se chama SBPJor, o Fórum Nacional de Professores de Jornalismo. É uma reação. Mas é uma reação que só vai produzir efeito daqui a 10, 20 anos.

Mas, porque o senhor diz que o campo do jornalismo está desaparecendo?

Porque, o seguinte: a comunicação é um campo composto por diferentes especialidades. No Brasil, se fez uma geléia geral. Tudo desapareceu. Na universidade americana, jornalismo é jornalismo, propaganda é propaganda, cinema é cinema. Está tudo junto no mesmo universo, mas cada um tem sua especificidade. Aqui, a gente aboliu tudo isso e trabalha com o conceito de indústria cultural, firmado por Adorno e Hokheimer numa determinada conjuntura, que as pessoa não entenderam, transpõem isso como se fosse o mal e o mal tem que ser combatido.

O senhor acha que ainda é assim?

Cada vez mais. Infelizmente.

E o gênero, por tabela...
O gênero é coisa de quem não tem o que fazer, anacrônico, de trogloditas.

Tá bom...então tá.
Não é por isso que a gente vai deixar de estudar, continuar produzindo, porque isso faz parte de uma conjunta. Cada vez mais me impressiono como o interesse dos jovens pelos gêneros, pelas rotinas.

Tem crescido a procura por orientar?
Por orientar, por entrevistas, e referências. Eu gostaria de me multiplicar para atender a tudo. É como se fosse um conhecimento arqueológico. Estão descobrindo algo que desapareceu e que tinha razão de ser.

Tem uma questão que sempre me importuna, desde que comecei a pensar em fazer uma tese sobre gêneros. Quanto mais eu lia sobre gênero, a cada artigo, os pesquisadores citavam as classificações, mas criavam uma nova. Para o senhor, porque sempre ocorre isso?
Porque, na verdade, não há muita preocupação em acumulação. Muitas vezes, as pessoas estão interessadas, muitas vezes, em “fincar sua bandeira”. Não sou eu quem diz isso. Quando a pessoa fala da minha classificação...eu não tenho classificação, minha classificação é cumulativa. Eu dou um passo adiante. Basicamente, a minha classificação é do Luiz Beltrão, com algumas adaptações. Não tenho classificação minha.

Mas a sua sistematização é a mais citada em todo o Brasil inteiro.
Porque talvez eu tenha sido quem sistematizou. Depois do Luiz Beltrão, fui eu. Mesma coisa na Espanha. Quem sistematizou? Martinez Albertos. Os próprios discípulos dele não avançaram muito, porque, como ele era um pouco dogmático, era difícil de avançar. Me conhecimento dele, foi se dar na minha maturidade. Luiz Beltrão não tomou conhecimento de Martinez Albertos para fazer a classificação dele. Eu trabalhei muito mais com o referencial francês, italiano, alemão. Nos Estados Unidos não existe grande conceituação.

Ainda hoje...
Sim, aquilo ali é tão óbvio, tão 'óbvio-lulante'. Também os americanos são muito aversos a teorização. São pragmáticos. Fazem aquelas fórmulas. Suguem adiante.

A preocupação maior é com precisão, exatidão, com as competências jornalísticas...mas os alemães têm um trabalho mais próprio de gênero.
É...o Otto Groth, por exemplo, em La Ciência Periodística, é fundamental. Pena que não tenha sido traduzido.

Para terminar, gostaria de falar sobre a disciplina chamada “gêneros jornalísticos”. Tenho visto que alguns currículos têm a disciplina “gêneros jornalísticos”...
Não tem.

Não?
Pouquíssimas.

Só que elas não são dadas. Estão como optativas.
Olha, eu gostaria de conhecer, realmente eu tenho visto desaparecer. Na verdade, o gênero jornalístico era a espinha dorsal da formação jornalística. Tinha teoria e prática, introdução do jornalismo, depois gênero informativo, interpretativo, opinativo.

O senhor acha que existe alguma tendência de voltar?
Existe porque é necessário para a formação. Sem isso, ninguém avança.

A impressão que eu tenho é que as disciplinas embora existam enquanto nomenclatura, na verdade, a discussão de gênero vai passando superficialmente por toda a graduação nas oficinas.
Na verdade, não existe teorização sobre jornalismo atualmente na faculdades. O jornalismo é prática. Os alunos aprendem desde o começo a fzer laboratório, praticar, praticar. É uma prática vazia, porque despida de formação conceitual. Os alunos descobrem por eles mesmos. Não é de maldade. É que eles não conhecem. O que chamam de teoria do jornalismo é uma teoria da comunicação mal feita, mal alinhavada. Se quer transpor certos preceitos gerais da teoria sociológica e da teoria antropológica, que não se adaptam necessariamente ao mundo jornalístico. A França, nesse ponto, tem dado mais contribuição. Porque é um esforço de teorização sobre o jornalismo e que está à margem da corrente lá. A corrente lá na França não legitima muito isso.

Como aqui?

Aqui, na verdade, está desprezada. São poucas as pessoas que se preocupam com isso. Mas a tendência é a nova geração encontrar isso como arqueologia e voltar.
Parte-se do princípio de que tudo é pós-moderno, tudo é pós 11 de setembro. E na verdade, estamos pré-Revolução Francesa. Um país como esse, com essa quantidade de gente faminta, analfabeta, inculta. Um país que não se lê jornal. A grande revolução nossa é fazer com que o jornal, a leitura entre no cotidiano dos brasileiros.


Tudo bem, professor, obrigada!
Foi útil?

Muito últil...

Bem, não foi? Acho que todos nós acharemos.

07 maio 2008

O que é jornalismo? É possível entender através dos gêneros.

Lançamento do mais novo livro, Livraria Martins Fontes, SP
Numa agradável e simpática tarde de sábado (último dia 26 de abril), o professor José Marques de Melo, maior referência brasileira quando se trata de "gêneros jornalísticos", nos recebeu para uma entrevista, que se mostrou um diálogo acadêmico de revelações. Não só sobre questões do conceito de "gênero", mas também sobre o campo da comunicação e do jornalismo. Eu diria até, de afirmações polêmicas, e, por isso, muito produtivas para a academia brasileira.

Quanto ao gêneros
Funcionalista, o professor faz três afirmações importantes: uma, que é possível entender jornalismo através dos gêneros; segunda, o critério de "lei interna", como em Aristóteles, é, para Marques de Melo, o que rege o gênero e este critério não está em oposição ao de função - pelo contrário, são complementares; e, terceira, o gênero encarna o processo comunicativo. Das três, conforme fica claro mais abaixo, só discordamos da segunda.


Informação X Opinião

Mais um ponto a destacar: o professor acredita que o paradigma Informação X Opinião é verdadeiro. Marques de Melo não concorda com Manuel Chaparro e justifica. "(...) Manuel Chaparro trocou 6 por meia dúzia. (....) Ele deu uma boa contribuição. Mas, ele foi ao van Dijk e chegou à mesma conclusão que nós chegamos". Leia, contextualizado.


Uma classificação a cada novo artigo

Por que cada novo artigo sobre gênero jornalístico faz-se uma nova classificação? A resposta do professor Marques de Melo é importante: "- Porque, na verdade, não há preocupação com acumulação. Muitas vezes, as pessoas estão interessadas em fincar sua bandeira. (...) eu não tenho classificação. Minha classificação é cumulativa. (...) Basicamente, a minha classificação é do Luiz Beltrão, com algumas adptações. Não tenho classificação minha."


Quanto ao campo do jornalismo
"O campo do jornalismo está desaparecendo". Nesse momento, deu um frio na espinha, e perguntamos de novo: "- Está desaparecendo?". Ele confirma: "-Esstá desaparecendo". Peguntamos: "- Não está reaparecendo?". Ele explica sua afirmação: a SBPJor e o FNPJ seriam uma reação que daria resultado em 10 a 20 anos, mas a a formação do pesquisador brasileiro é que seria o nó da questão. "Não somos filhos da comunicação, somos filhos das ciências sociais".

Marques de Melo critica a
falta de rigor da pesquisa em jornalismo, sem a observação necessária: "(...) Nós damos opinião, nós achamos, mas não se pesquissa quase nada. (...)". Entra nesse mesma crítica a Análise do Discurso. Ele afirma: "(...) a AD prova o que quer".

Trechos importantes como os citados acima estão também em áudio. Como estamos em um blog e a entrevista está longa, resolvemos dividi-la em duas grandes partes. A segunda será publicada na próxima terça-feira, dia 20 de maio.

Nesta primeira parte da entrevista, estão os temas: "noção de gênero", classificação, teorização. Embora esse espaço seja verticalizado, transcrevemos na íntegra, pois acreditamos que, mais do que uma entrevista, essa conversa se constitui em um documento. Afinal, estamos no blog de uma tese sobre gêneros jornalísticos.



TERMO/NOÇÃO DE GÊNERO

Muito já se escreveu sobre a função da noção de gênero para o jornalismo, prática e ensino. Com as novas mídias, a proliferação de novos formatos, produtos híbridos, multimídiáticos, interativos, se configurou um ambiente totalmente anacrônico para a noção de gênero. Mas, exatamente por isso, a noção ganha cada vez mais força. O senhor acredita que gênero, além de noção prática constitui um conceito de fundamentação do jornalismo?

Sem dúvida. O jornalismo se caracteriza por ser uma atividade de informação no sentido de atender a curiosidade do ser humano de saber o que está acontecendo ao seu redor e ele quer duas, de forma geral, duas coisas: estar informado e valorar a informação. Essa divisão entre informação e opinião está na essência da curiosidade humana. Você quer conhecer, você quer julgar. Quando Aristóteles faz a divisão do gênero literário depois foi transposta para o jornalístico...no Quintiliano, século I depois de Cristo, quando formula sua estrutura do discurso, já vai encontrar essa divisão estratificada. Vai encontrar no século XVII exatamente o reconhecimento dessa divisão, que depois o jornalismo inglês vai legitimar, a diferença entre news and comments.
Essa estrutura permanece básica até hoje, não se alterou. O que houve, na verdade, foi o surgimento de novos gêneros, que atendem a novas funções. O gênero é funcional. Durante muito tempo, se informava e se opinava, e a partir do século XX, passamos a ter algumas variações, depois da segunda guerra mundial, passamos a ter a necessidade de interpretar - interpretar no sentido de explicar, educar. Recentemente, dois novos gêneros adquiriram autonomia: o gênero diversional, com a segunda metade do século XX com a predominância do entretenimento da mídia, o jornalismo teve que se alterar, introduzir estruturas de informação, que informa divertindo, informa dando prazer. E agora na passagem desse século, o jornalismo utilitário. Temos toda uma série de informações que já estavam presentes no século XVIII, mas que agora se tornam essenciais porque as pessoas vêem jornal para tomar decisão. Vejo, na verdade, a existência de 5 gêneros que são autônomos, mas se hibridizam.


Cinco gêneros jornalísticos?
Cinco gêneros: o gênero informativo, opinativo, interpretativo, diversional e utilitário. Nos anos 80, a pesquisa que fiz só me indicou a predominância de informativo e opinativo. A maioria do pessoal lia, dizendo que eu acho que só existem 2 gêneros. Não é isso, eu identifiquei somente dois gêneros na imprensa diária. De lá pra cá, eu venho pesquisando a cada 5 anos e fui encontrando evidências de que outros gêneros foram surgindo. O gênero interpretativo que teve uma vigência muito forte nos anos 60 e 70, desapareceu nos anos 80, voltou nos 90 e agora está se desenvolvendo muito.

Então, o senhor não concordaria com o Manuel Chaparro...

Não, não..

Porquê?

Não concordo, porque o Manuel Chaparro, que foi meu aluno, trocou 6 por meia dúzia. Ele na verdade adotou um dos meus fundamentos, uma das minhas fontes...trabalhei com Martinez Albertos, em Madri...aliás, já depois que eu vinha trabalhando com gênero que vim a trabalhar com ele. Ele adotou aquela classificação, que eu acho que tem alguma validade. Inclusive hoje, quando eu analiso gênero, estabeleço uma divisão de formatos e tipos. Cada gênero tem alguns formatos e a variação dele é o tipo. Eu disse a Chaparro agora, quando ele lançou seu livro [refere-se ao "Sotaques D'aquém e d'além mar. Travessias para uma nova teoria de gêneros jornalísticos"]...disse a ele: “- Você trocou 6 por meia dúzia”. É basicamente a mesma coisa que eu vinha dizendo antes. Ele deu uma boa contribuição. Mas, ele foi ao Van Dijk e chegou à mesma conclusão que nós chegamos.

O que seria interpretativo, como conceito, na sua visão?
Explicativo, educativo. Está no Hohenberg [John Hohenberg, "The professional journalist"]. Em inglês, significa explicar, educar, esclarecer. Em língua portuguesa, interpretar e opinar têm o mesmo sentido. Muita gente quando fala do interpretativo, entende como valoração.

Interpretativo está ligado ao sentido interpretação?
Não. Em português, interpretação significa valoração. Interpretação e opinião é a mesma coisa. Foi uma tradução mal feita. Quando começaram a circular os textos dos teóricos do jornalismo interpretativo dos EUA, deveria ter sido traduzido por jornalismo explicativo ou jornalismo educativo e foram traduzidos literalmente.

A reportagem estaria no gêneros interpretativos...
No gênero informativo. A reportagem continua o gênero informativo por excelência. Antes, como fez o Luiz Beltrão, se colocava a reportagem dentro de interpretativo... Luiz Beltrão, nesse momento, não visualizou bem. Ele viu a ponta do iceberg. Fez aquele belo estudo dele sobre o Jornal da Tarde. Mas depois a reportagem voltou a ser sempre o que foi. Passou a ter história de interesse humano, passou a ter análise, a ter cronologia, aqueles formatos que configuram interpretativo. Que o Jornal do Brasil fez com muita competência.

Se o gênero é funcional e teríamos essas 5 funções, podemos dizer que a função básica do opinativo seria opinar ou poderíamos dizer que a única função seria opinar?
As funções não são exclusivas. Tem a função básica. Por exemplo, você pega a classificação de Bakhtin. Foi o maior classificador funcional que eu conheço. Está explícito lá. Eu até me surpreendo, às vezes, que muitos autores citam Bakhtin sem ter lido o texto original dele sobre a questão dos gêneros, porque não foi traduzido aqui no Brasil.

Qual é o texto original?
O texto original é o Gêneros e outros ensaios ["Speech genres and the others lates essays"], uma edição feita na Universidade do Texas. Lá no Texas, quando me deparei com ele, fique fascinado.
[pausa] Eu gostaria de finalizar a questão de função. Estou trabalhando com as funções básicas que estão no Laswell, no Charles Wrigth, e nos autores que vêm interpretando depois. Funções como vigilância, informação cotidiana que corresponde a informar, formar, persuadir, investir.

Podemos falar dessas funções como universais ou brasileiras?
São universais.

Teríamos em qualquer imprensa, brasileira, norte-americana, francesa.
Sim, eu defendo a tese de que os gêneros são nacionais. Estamos chegando ao momento em que vamos ter uma classificação universal do gênero. Mas esse universal será um classificação imperialista. Será imposição dos modelos americanos. Os Estados Unidos invadiram tudo. O jornalismo francês era outro, o inglês, ainda assim, continua havendo identidade.

Você não vê uma diferença entre o jornalismo francês e o norte-americano?
Ainda existe, mas está desaparecendo. Cada vez mais o jornalismo francês está incorporando o padrão americano. A imprensa francesa ainda é uma imprensa com muita personalidade.

Comparando os formatos, há uma grande diferença..
Você esteve lá, você deve ter lido. Você percebe que esses jornais ainda têm um pouco de identidade. Você vê os jornais do metrô? Eles incorporam a pasteurização americana.

Sim, os gratuitos.


CLASSIFICAR = TEORIZAR?

Na sua opinião, classificar é teorizar?
Classificar significa reconhecer o conhecimento bruto. O que é teoria? Teoria é o refinamento da prática. Observa-se empiricamente como se dão os fenômenos sociais e a partir dessa observação, vai formulando modelos paradigmas. Estou entre o Bourdieu [Pierre Boudieu] e o Khun [Thomas Khun]. As classificações são uma espécie de cartografia, reconhecimento do terreno. Sinceramente, você não pode teorizar, teorização vem depois. Classificação é importante do ponto de vista do aprendizado, da transmissão da experiência.

Seria como um primeiro passo para teorizar?
Tem classificação do passado que já foi teorizada, mudanças que vão incorporando o novo.

Poderíamos dizer também que, no caso do jornalismo, classificar é um critério para o mercado?
Sem dúvida. O que governa o mercado é a classificação. Não é explícita. Nos manuais de redação, não se encontra essa especificação de gêneros. Pegue o Manual da Folha de S.Paulo, quase não aparecem os gêneros ali. Mas se vai observar como a redação funciona, o gênero está implícito.

Implícito para produzir?
Na produção.

Quando um editor pede: -“faça uma reportagem”...

Você vai fazer reportagem, se for um editorial, vai jogar na cesta do lixo. Então, esta noção é uma noção difusa. Chamei o Carlos Lins da Silva para integrar uma banca e ele foi mais rigoroso do que eu. Talvez porque ele esteja mais próximo dessa rotina do que eu, eu só observo de longe.

Não há consenso sobre as classificações...
Precisamos avançar nisso, para ter bom senso entre os pesquisadores. Enquanto não classifica e não conceitua direitinho, fica naquela geléia geral. Esse é um problema seríssimo.

A taxonomia seria um primeiro momento, para depois haver a conceituação...ou estariam juntas?
Eu acho que estão juntos. É aquela história. Quem vem primeiro, o ovo ou a galinha. O que eu percebo hoje é uma resistência de classificar, conceituar. Quando coloca as estruturas as pessoas se sentem sufocadas..

Seria uma resistência de um momento paradigmático científico, talvez?
No Brasil. Na França, com todos os problemas que tem na área de humana, é uma sociedade bem organizada. Não tem muita discrepância. Coisas essenciais têm nomenclaturas definidas. Faz parte da cultura francesa.

Eu te perguntaria sobre a força da cultura no gênero. Como você pensaria isso?

Não quero me aprofundar, porque não tenho estudado isso. É uma questão antropológica. Eu defendo isso na minha tese de livre docência. O gênero continua sendo um território nacional. Muitas vezes, tem especificidades regionais.

Dentro do próprio país...

Dentro do próprio país. No caso do Brasil, eu me surpreendo...antigamente, se fazia o pinga pinga de São Paulo até o Maranhão...cada aeroporto que passava, entregava o jornal local. Me supreendia com o que você chama de anacronismo. Certas coisas que se tornam anacrônicas estão absolutamente vigentes, em termos de linguagem jornalística de gêneros. O suelto que se praticou muito aqui. A crônica que desapareceu aqui, está presente no Maranhão, no Pará.

Este trabalho que o senhor orientou sobre imprensa regional [dissertação que Lailton Costa acaba de defender sobre gêneros na imprensa regional], chegou a que conclusões?

Confirmou a minha classificação quase total e identificou coisas novas. O que me supreendeu.

Como, por exemplo?

Basicamente, as dificuldades estão no gênero utilitário. Acho que ele vai dar boas contribuições. Por exemplo, o necrológico. Encontrou algumas diferenciações nos jornais brasileiros. E o perfil. Muitas vezes, vai na Veja, IstoÉ e Época, não consegue estabelecer essa diferenciação entre um e outro. Em breve estará na internet.

A gente poderia falar que o formato pode ou não chegar ao status de gênero?

Pode. O utilitário foi muitos anos parte do informativo. Muitas informações utilitárias estavam na notícia, e agora estão se despregando da notícia.

Na internet, existem muitos formatos que se tornam ao não gênero. Alguns formatos aparecem e acabam, outros institucionalizam e viram gêneros.

Acho que sim. Precisa se observar isso no tempo, porque, às vezes, eles iludem.

Alguns ficam, se institucionalizam...

Mas, às vezes, não é gênero. Às vezes é um formato que está surgindo dentro de um outro gênero.

Da próxima questão, ao final deste trecho temático

Isso que eu gostaria de entender melhor...confesso que, pra mim, essa divisão é complicada, entre formato, tipo e gênero. Muita gente fala de subgênero.
Eu diria o seguinte: formato é um subgênero.

E o tipo?
Um subformato.

Pensando no gênero opinativo. Podemos comparar um editorial e um artigo. O editorial e o artigo seriam dois formatos.
Dois formatos.

Teríamos tipos de editoriais e tipos de artigos.
Tipos de editoriais e tipos de artigos. E já alguns estudos que classificam em subtipos. Ana Maria Fadul chama de espécie.

Na verdade, é a tentativa de fazer uma árvore.

Uma árvore. Eu venho trabalhando entre a arte e a ciência. Eu venho trabalhando com Aristóteles e com a classificação científica da biologia.

O meu problema com a classificação da biologia, é o critério que fundamenta: todos os elementos que vão ser classificados têm uma lei interna. Esse critério é um critério que foi suplantado, na minha opinião.

Você está certa. Eu é que não concordo que foi superado. Um ponto de vista da teoria do discurso. Você citou Lorenzo Gomis , Lorenzo Gomis foi meu colega de Barcelona. Falávamos muito sobre todas essas coisas. Ele estava numa concepção mais estética, filosófica do gênero. Não vejo muita discrepância entre o que ele fazia e o que eu faço.

Então, o senhor acredita neste critério como critério-chave..

Não exclusivo, acho que é válido, mas acho que tem que combinar as duas coisas. Quem já tinha feito isso foi Quintiliano, que, na verdade, é o nosso sustentáculo maior para estudar essas classificações no mundo da comunicação.

Não seria contraditório pensar em dois critérios como função e lei interna?

A lei interna tem a ver como função. Ela não é completamente despida da função. Essa lei interna é vista como desempenho do fenômeno no organismo social.

Complexo, não?

Muito complexo, sobretudo para quem não tem formação científica como eu. Reconheço minhas deficiências. Eu precisaria estudar muito mais.

Uma questão muito importante...não sei se o senhor leu alguma coisa no blog...

Eu li..você está numa fase...vejo que você avança, depois retrocede de novo...é assim mesmo. Ninguém pode considerar que petrificou.

Imagina uma questão dessas...

Imagina com Luiz Beltrão, como ele brigava comigo e eu com ele. Ele era uma pessoa fabulosa nesse sentido. Ele dizia o seguinte: “- Você precisa me convencer que eu estou errado”. Muitas vezes eu não conseguia convencê-lo. Quando eu convencia, ele dava a mão à palmatória. Não só eu, os discípulos todos. Pena que ele morreu cedo e...como ele estudava muita coisa, essas questões do jornalismo ele abandonou um pouco na última fase dele.

(...)

Na segunda parte da entrevista, o professor José Marques de Melo analisa a relação entre gênero e mídia, reafirma o paradigma Informação X Opinião, critica os campos de jornalismo e da comunicação, sugere os livros imprescindíveis para se estudar "gênero jornalístico". Na próxima terça. Anote!

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