22 maio 2007

A noção de gênero atravessa midias?

Arquivo Lina Bo e P.M. Bardi
Tem um degrau dos estudos de gênero no campo do jornalismo que é preciso subir: galgar a compreensão sobre os lugares da instituição jornalística e da mídia na constituição do gênero. Se realmente podemos falar de gêneros jornalísticos, então a mídia deve ter um lugar secundário. Se a mídia for definidora, o mais correto seria falar em gêneros de impresso, radiofônicos, televisivos, digitais. Se for um terceiro caminho, o que é provável, a questão esta em colocar os poderes do campo (Bourdieu), ou melhor, da "formação discursiva" (Foucault), e os poderes da mídia (Debray, McLuhan).


Mídia

Se colocarmos a mídia como o elemento mais forte, estaremos situando os regimes e propriedades da mídia como condicionadores do gênero. Que propriedades seriam essas? Das propriedades de que fala Debray (1991): tradução-operação do conhecimento, sistemas semiológicos, influência nas técnicas (de redação, por exemplo), redes técnicas, sistema de transmissão, sistema de estocagem, interlocução e espaço-tempo particular. Seriam os regimes do que se chama em Analise do Discurso de "dispositivo" (material, suporte e tecnologia).

O calcanhar de Aquiles parece estar nos sistemas semiológicos e de transmissão. A natureza da imagem em movimento somada à grade de programação da TV, por exemplo, implicaria gêneros próprios dessa lógica O dialogo entre um jornalista e um candidato à presidência da República, seja em um telejornal ou em um Talk Show, não deve ser considerado uma entrevista? Se comparamos com entrevistas em vídeo arquivadas nos sites jornalísticos, então, já estaremos a falar de outra mídia Mas o "sistema de estocagem" mascara a tal ponto que diremos ser um tipo de arquivo.

Formação discursiva

Se, por outro lado, colocarmos a "formação discursiva" como o elemento mais forte, estaremos escolhendo como condicionadora do gênero a regularidade entre objetos (do que se fala - Em jornalismo, tipos de fatos, acontecimentos, "verdades", etc - Perelman e Olbrechts-Tyteca); tipos de enunciação (de que maneira de fala; regida por sistemas de diferenciação e relação, direitos de intervenção e de decisão, posição do sujeito na rede de informações), conceitos ( a partir do que se fala; que se forma segundo formas de ordenamento dos enunciados, forma de coexistência dos enunciados, processos de intervenção aplicados aos enunciados) e estratégias (com qual posicionamento). Entendendo-se aqui as mudanças intrínsecas à formação discursiva, seja por razões sócio-históricas ou culturais. " (...) D'une part, il s'agit de metre en évidence le jeu relationnel entre objets, énonciations, concepts, et stratégies; d'autre part, il s'agit de mettre en évidence le jeu relationnel au sein des éléments, qui ne sont figés, ni permanents. L'ordre du discours implique de la dispersion" (Ringoot et Utard: 2005 : 40 e 41)

De uma forma geral (ainda não analisada a fundo), é razoável dizer que, seja para a imprensa escrita, seja para a televisão, a atividade jornalística trabalha com os mesmos objetos, principalmente se tratamos de mesmo pais. Os enunciados não guardariam, por isso, semelhanças constitutivas? Pensando-se em conceitos, não se poderia dizer que seu processo de formação e mudanças não é mais histórico e temporal, do que de mídia? é certo que as estratégias discursivas, como os enunciados, são adequados à mídia. Entretanto, não se deve dizer que a linha transversal da atividade jornalística perpassa as mídias de maneira definidora?

Cruzamento e/ou comparação

Quais as saídas metodológicas para se vencer essa etapa? Sugestões? Uma analise comparativa entre diferentes mídias poderia ser produtivo. Uma analise produzida por especialistas de diferentes mídias; já que é essa nossa constituição acadêmica, consequência, acreditamos, da natureza analógica das mídias e efetivo resultado pratico para a profissão.

Outra possibilidade, uma vez que se acredite nesses fundamentos, seria o cruzamento desses elementos numa mesma mídia e mesma formação discursiva. Por exemplo, os diversos tipos do discurso jornalístico na mídia digital.

Ou ainda, mais interdisciplinar e portanto mais difícil academicamente, seria uma analise comparativa de diferentes formações discursivas numa mesma mídia. Uma opção dentro do campo da comunicação seria, por exemplo, comparar tipos do discurso jornalístico com o discurso publicitário Seria enriquecedor...


A noção de gênero?



Como dizem pesquisadores franceses, o melhor para se conhecer as "leis" do gênero discursivo, é deixar a noção de lado, num primeiro momento, para se chegar a ela depois. Sábios senhores.

Obs: Texto escrito para o blog em francês e transcrito aqui.

Referências:

RINGOOT, Roselyne & UTARD, Jean-Michel. Le journalisme en invention. Nouvelles pratiques, nouveaux acteurs, Rennes, PUR, coll. Res Publica, 2005.

FOUCAULT, Michel. L'archéologie du savoir. Paris, Gallimard, 1969.

DEBRAY, Régis, Manifestos Midiológicos, Petrópolis, Vozes, 1995.

15 maio 2007

Palavra de especialista

A partir do V Celacom, focado, esse ano, nos gêneros comunicacionais (veja post abaixo), surgiu a idéia de ouvir dos pesquisadores presentes ao evento suas opiniões sobre o desenvolvimento dos estudos de gênero (discursivo e textual) no Brasil.

Fizemos uma questão, enviada por e-mail, a todos os participantes das mesas Gêneros Comunicacionais: teoria e práxis, Gêneros Midiáticos; formatos impressos e audiovisuais e Gêneros Digitais: tipologia da Internet, e que efetivamente estudam os gêneros no campo da comunicação.

A questão foi: "A partir do Celacom e das suas pesquisas, qual seria o nivel de desenvolvimento dos estudos de gênero (discursivo e textual), nos campos da comunicação e da linguistica, no Brasil?"

Recebemos duas respostas, muito interessantes, de dois grandes pesquisadores do campo jornalistico: a professora Elizabeth Duarte (Unisinos, RS), que se dedica aos estudos dos gêneros televisivos; e o professor Elias Machado (UFSC), presidente da SBPJor e pesquisador do jornalismo digital; , aos quais agradeço publicamente a disposição na declaração e o interesse no assunto.

Abaixo transcrevemos as respostas recebidas, com destaques nossos em negrito.

Matheus Vaucher (Celacom)
Elizabeth Duarte

"Os estudos sobre os gêneros midiáticos estão bastante avançados entre nós. As dificuldades encontradas devem-se acima de tudo à hibridação que caracteriza esse tipo de produto.

Mas, para fazer avançar estas pesquisas, é necessário abandonar as tipologias adotadas/sugeridas pelas próprias mídias que respondem a lógicas econômicas e de produção e buscar categorias suficientemente abrangentes e não-contraditórias que possam verdadeiramente caracterizar os produtos midiáticos, e distingui-los entre si."



Matheus Vaucher (Celacom)
Elias Machado

"Não vou me ater ao estudo dos gêneros de uma forma geral. Por uma questão de formação, prefiro me centrar no caso do estudo dos gêneros no jornalismo e, mais especificamente, no jornalismo digital, minha área de pesquisa. No Brasil, o estudo dos gêneros jornalísticos deveria merecer uma atenção muito mais concentrada do que vem tendo ao longo dos anos. Com raras exceções, articuladas em torno das pesquisas pioneiras de José Marques de Melo e seus orientandos, falta-nos um mapeamento atualizado e localizado e, mais que isso, uma produção conceitual compatível com a importância desta área de pesquisa para a compreensão da prática jornalística. Entre nós um dos poucos gêneros mais
estudados é a crônica e, mesmo neste caso, muito mais nas pós-graduações em Letras do que em Comunicação. Por comparação, basta citar a experiência espanhola, que vem produzindo trabalhos de pesquisa de grande mérito em centros como a Universidade de Navarra, a Complutense de Madri e a Universidade de Sevilha, com teses inovadoras sobre Crítica, Entrevista, Suelto, Coluna, Editorial, Comentário, Infografia, entre outras.

Se levarmos a questão para o radiojornalismo e o telejornalismo, a situação fica mais crítica, uma vez que são ainda mais raros os trabalhos conceituais sobre gêneros e formatos, predominando – com uma ou outra exceção, a publicação de manuais, com definições meramente pragmáticas. Do ponto de vista dos gêneros no jornalismo digital podemos identificar alguns avanços com a existência de trabalhos pioneiros desenvolvidos por pesquisadores do Grupo de Jornalismo On-line da Universidade Federal da Bahia, Raquel Porto Alegre, Leila Almeida e Beatriz Ribas e pela doutoranda Lia Seixas, que trabalha com o professor Giovandro Ferreira, e por colegas da UnB, USP e UFRGS, no caso dos Blogs. Em boa medida são estudos de natureza conceitual e de escopo mais geral.

O que nos falta é a criação nas pós-graduações em jornalismo e, nas de comunicação, de grupos de pesquisa específicos sobre gêneros e formatos para que seja feita uma sistematização dos gêneros utilizados e das suas especificidades nos diversos tipos de suporte: impresso, telejornalismo, radiojornalismo e digital. A inexistência de grupos articulados em forma de redes permanentes sobre um objeto determinado dificulta a produção conceitual e acaba por dispersar os resultados dos esforços individuais dos pesquisadores. O grande desafio consistiria em desenvolver pesquisas comparadas nacionais e internacionais para o mapeamento e a definição dos gêneros e formatos utilizados. Como todos sabemos, os gêneros e formatos são convenções históricas, adotadas de acordo com as possibilidades, conveniências e condições políticas, culturais e de infra-estrutura de cada circunstância. Neste caso, caberia aos pesquisadores identificar os gêneros e formatos existentes em nosso país, as diferenças e particularidades (nas definições, estrutura textual, nas formas narrativas, nas condições de produção, das funções dos sujeitos articulados em torno destas práticas discursivas, etc...) de estado para estado e de país para país."

O debate esta aberto!


Para mais informações sobre o Celacom, veja os blogs da cobertura (gentilmente indicados pela professora Najara Pereira):

http://coberturasimplesmasesforcada.blogspot.com

http://coberturacelacom2007.blogspot.com

http://celacom2007.blogspot.com

04 maio 2007

Gêneros comunicacionais no Celacom 2007

"Gêneros comunicacionais: formatos e tipos latino-americanos" é o tema do XI Celacom (Coloquio Internacional sobre a Escola Latino Americana de Comunicação) a ser realizado nos proximos dias 7, 8 e 9 de maio em Pelotas. Com conferência de encerramento de Eliseo Veron, o coloquio vai reunir pesquisadores de todo o Brasil.

A programação tera três mesas-redonda com os subtemas:

  1. Gêneros Comunicacionais: teoria e práxis (coordenadora da mesa, Sandra Reimão, Metodista; Manuel Chaparro, USP; Wellington Pereira, UFPB; Clovis Reis, Univ. de Blumenau; Desirée Motta-Roth, UFSM-RS)
  2. Gêneros Midiáticos; formatos impressos e audiovisuais (coordenador da mesa, Juremir Machado da Silva, PUC-RS; José Carlos Aronchi, UFRN; Ana Regina Leal, UFPI; Najara Pinheiro, UCS-Caxias do Sul; Elisabeth Duarte, UNISINOS)
  3. Gêneros Digitais: tipologia da Internet (Sadi Sapper, UCPel; Elias Machado, UFSC; Alex Primo, UFRGS; Vinicius Pereira, ESPM)
Mais informações no site oficial do evento.

02 maio 2007

Contrato ou promessa? Um debate na França.


Foto: http://www.comune.torino.it

Depois de quatro curtos meses, voltamos com uma discussão atual nas areas de Comunicação e Analise do Discurso (AD) na França, onde atualmente fazemos doutorado-sanduiche e de onde resolvemos fazer um outro blog em francês (genres-journalistiques).

Um dos debates acadêmicos mais pulsantes daqui gira em torno das noções de: contrato e promessa. No centro da discussão, os pesquisadores Patrick Charaudeau, defensor da noção de "contrato de comunicação" (1995), e François Jost, que cunhou a noção de "promessa" (1999) em substituição à de "contrato", categoria tão central quanto polêmica para a AD.

A questão chave é: o contrato de comunicação sugere que o interlocutor (leitor, ouvinte, telespectador, usuario, participante) aceita e "assina" as condições da situação comunicativa, reconhecendo finalidades (visées), identidade, o dominio do saber, dispositivo e modo de enunciação; enquanto a promessa implica apenas o produtor do ato comunicativo, deixando o interlocutor livre em reconhecimentos e interpretações. Com a noção de contrato, o telespectador de um telejornal seria telespectador se, e apenas se, ele aceita o acordo de fazer parte de atos comunicativos com a finalidade predominante de informar. No caso da promessa, o telespectador é visto também como aquele que assite ao telejornal para gravar imagens para um trabalho cientifico.

Contrato

Herdeira da noção de contrato de leitura, introduzida e desenvolvida, na Comunicação, por Eliseo Véron, a concepção de contrato de comunicação nasce do "duplo processo de semiotização do mundo", de Paul Ricoeur (1983). De maneira simplista, a semiotização do mundo teria um duplo processo: 1) de transformação, quando um sujeito transforma um "mundo a significar" em um "mundo significado"; e 2) processo de transação, que faz do "mundo significado" um objeto de troca com outro sujeito. O processo de transação seria a base do contrato de comunicação: "(...): non seulement on ne peut plus se contenter des opérations de transformations pour elles-mêmes, mais il faut considérer celles-ci dans le cadre imposé par le processus de transaction, cadre qui sert de base à la construction d'un "contrat de communciation"" (Charaudeau: 1983: 101)

Charaudeau define contrato de comunicação como: "(...) o conjunto das condições nas quais se realiza qualquer ato de comunicação (qualquer que seja sua forma, oral ou escrita, monolocutiva ou interlocutiva). O que permite aos parceiros de uma troca linguageira reconhecerem um ao outro com os traços identitarios que os definem como sujeito desse ato (identidade), reconhecerem o objetivo do ato que os sobredetermina (finalidade), entenderem-se sobre o que constitui o objeto tematico da troca (proposito) e considerarem a relevância das coerções materiais que determinam esse ato (circunstâncias). (...)" (Charaudeau, Mainguenau: 2004: 132)

A troca comunicativa se organizaria em dois espaços, um interno, do texto, e um externo, das condições de produção. O espaço interno é da ordem do "modo de organização" do discurso, ou seja, descritivo, narrativo, argumentativo. No espaço externo se manifestariam a finalidade, que consiste em responder a questão "estamos aqu para fazer ou dizer o quê?"; a identidade dos participantes, determinada por aspectos individuais (como sexo) e do sujeito social (lugar social, econômico e cultural); o dominio do saber, aquilo do que se trata; e o dispositivo, formado de materia (na qual toma forma, adquire corpo e se manisfesta o significante), o suporte (canal de transmissão) e uma tecnologia (conjunto de equipamentos que regula a relação entre os elementos do material e do suporte).

A dimensão contratual do contrato de comunicação diz que os participantes do ato comunicativo devem se entender sobre os nomes e convenções que permitem se produzir uma certa intercompreensão. Ja a noção de promessa não aceita o engajamento do interlocutor subentendido no contrato. "Contrairement au contrat, qui engage toutes les parties qui le signent, la promesse est un acte unilatéral qui n'engage que celui qui promet: "C'est un énoncé qui fait ce qu'il dit: dire "je promets", c'est faire une promesse" (Ricoeur). On dit aussi que la promesse n'engage que celui qui la croit. (...)" (Jost: 1999: 20)

Como a logica do "poder simbolico" de Bourdieu, François Jost procura resolver um incômodo, pra não se dizer descrença, na face contratual da noção de contrato. Se, por um lado, ha toda uma estratégia discursiva, imagens contruidas, convenções; por outro, a noção de contrato subentende o interlocutor mais como destinatario do que enunciatario, ou seja, um 'leitor' proximo do 'leitor ideal' (Eco).

Para Jost, cada gênero discursivo seria uma promessa, ja que o gênero é o que nos permite identificar o que nos queremos; o gênero permite agir sobre o telespectador (Jost dedica-se mais especificamente à televisão). Pelo caminho oposto, então, se a promessa é de informar, então se trataria de gênero informativo. Perspectiva proxima dos estudos de gêneros jornalisticos no campo do jornalismo no Brasil.

Proposta de Lochard e Soulages

Também pesquisadores dos gêneros televisivos (media que concentra mais estudos na França), Guy Lochard (1998) e Jean-Claude Soulages resolvem o dilema situando promessa e contrato em niveis. Ele acredita que, enquanto o contrato se estabelece de forma gradual, a promessa se estabelece no nivel do gênero: "Plus effective est par contre une troisième différence avec la théorisation de Jost. Celle-ci se situe au niveau de la structuration de la relation communicative avec le destinataire. L'établissement de la s'établit dans sa perspective au niveau du genre. Le s'établit de façon plus graduelle et d'abord à un premier niveau, nécessairement plus géneral, qui recouvre en fait différents (...)" (Lochard e Soulages: 1998: 87)

Nossa compreensão

A questão chave esta no nivel de reconhecimento (Bakhtin) e engajamento do interlocutor. Ha consenso sobre duas afirmações: 1) o participante do ato comunicativo nem sempre 'assina embaixo' sobre todas as condições do contrato; e 2) o interlocutor reconhece convenções por marcas do discurso. O problema esta em saber: o que o interlocutor deve reconhecer para o sucesso (pragmatica) do discurso.

A idéia de "crença" é interessante por que implica todos os interlocutores de forma generalizada. A idéia de "reconhecimento" de condições, embutida na noção de contrato, nos parece indispensavel para o sucesso do ato comunicativo. Entretanto, o "reconhecimento" não precisa significar engajamento. Um interlocutor pode reconhecer finalidades e identidades, mas se colocar incrédulo sobre o cumprimento do enunciador quanto a estas finalidades. Um interlocutor pode, tambem, nao reconhecer nem mesmo finalidades, se, por exemplo, mesmo lendo o jornal impresso NRC.next, ele não entende o titulo "Op Bea zit de grootste marge".

Pode-se reconhecer as "promessas" de um discurso e, ao mesmo tempo, não se crer nelas. O objetivo é informar, mas não é o que ocorre aqui, como para a maioria dos baianos quando se trata de editoria de politica do Correio da Bahia, jornal da familia carlista. Mesmo os carlistas sabem que o discurso é politico e não jornalistico.

Pode-se ainda crer em "promessas" que, na verdade, não estão postas. Se colocar em frente à Tv para se divertir com o modelito insinuante de uma apresentadora da France 2. O ultimo objetivo deste quesito do cenario, diagamos assim, seria divertir.

Entretanto, com certeza, se não ha reconhecimento de certas condições, não ha sucesso por parte do enunciador, nem interlocução valida para o enunciatario. Não que se reconheça todas as condições, mas, de fato, o reconhecimento, pelo enunciatario, da finalidade do discurso é basico para o enunciador. Ja a identidade, depende das estratégias do discurso.

Enfim, acreditamos que ha uma diferença importante entre "crer" e "reconhecer". A crença não leva em conta a dimensão institucional da relação de comunicação, enquanto o reconhecimento, ao mesmo tempo em que não implica necessariamente o interlocutor, requer um conhecimento prévio, institucionalizado. Quem "reconhece" distingue entre outros. Quem "crê" estabelece uma convicção em determinado momento, sem que tenha conhecimento prévio do que se trata.

Nota: Acentos agudos em falta são o reflexo do uso do teclado francês.

Referências bibliograficas:
CHARAUDEAU, P. (1983) Langage et discours. Éléments de sémiolinguistique (Théorie et pratique), Hachette, Paris.
__________. (1994) Le discours de communication de l information mediatique, in : Le Français dans el Monde, numéro spécial, Paris, Hachette/Edicef, Julliet 1994.
_________. (1995) Une analyse sémilinguistique du discours. In: Langages, Paris Larousse, mars, 1995.
_________. Le discours d’information médiatique. Paris. Nathan/INA, 1997.
________. Visadas discursivas, gêneros situacionais e cosntrução textual, in: MACHADO, I.L. & MELLO, R. (orgs) Gêneros: Reflexões em Análise do Discurso. Belo Horizonte, NAD/FALE/UFMG, 2004.
__________. Les conditions d'une typologie des genres télévisuels d'information, revue Réseaux n°81, CNET, Paris Janvier-Février 1997. Disponível em http://www.enssib.fr/autres-sites/reseaux-cnet/81/05-chara.pdf.) Acesso em junho de 2004.
__________. Discurso das mídias. São Paulo, Contexto, 2006.

CHARAUDEAU, P. e MAINGENEAU, Dominique. Dicionário de análise do discurso. Trad. Fabiana Komesu, São Paulo, Contexto, 2004.

JOST, François (1999) Introduction à L'analyse de la Télévision. Paris, Ellipses, octobre, 1999.

LOCHARD, Guy e SOULAGES, Jean-Claude (1998) La communication télévisuel. Paris, Armand Colin, 1998.

Site dedicado ao estudo dos gêneros jornalísticos. Criado durante nossa tese de doutorado, 2005. Esse novo layout abre um novo ciclo de estudo, pesquisa, descobertas sobre esse tema tão caro à prática jornalística e ao conhecimento sobre o jornalismo.

  © Blogger templates Brooklyn by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP